28/05/2008

Entrevista Viola+Caípira, Minas Gerais/Brasil

Pedro Mestre, Tocador e Luthier d'Além Mar.

Pedro Mestre (23) é natural daquele país, da cidade de Castro Verde, região do Alentejo.

Aprendeu a tocar e a construir a viola campaniça com os últimos mestres (ainda) vivos. Hoje recai sobre os seus ombros a responsabilidade de divulgar, de manter viva a cultura da viola campaniça quase extinta. E encontrá-lo fez nascer em mim uma provocação muito grande: trazê-lo ao Brasil. Desejava que o público brasileiro pudesse ter a oportunidade de ouvir e entender um pouco da história da viola campaniça, a viola do campo de Portugal, a viola mãe de todas as outras.

E isso ocorreu, mais cedo do que imaginava. Foram 10 dias maravilhosos, de uma convivência harmoniosa e de uma troca riquíssima de experiências culturais. Nos apresentamos juntos nas cidades de Belo Horizonte, Santana dos Montes, Pouso Alegre e São João Del Rei, sempre com casa lotada e com grande destaque na imprensa local.Abaixo - em caráter exclusivo -, para os amigos da Revista Viola Caipira, um breve bate-papo com Pedro Mestre:

Chico Lobo - Pedro Mestre, fale um pouco da tradição da viola campaniça.

Pedro Mestre - Era o instrumento que acompanhava os cantos de improviso. Havia uma roda de improvisadores e um ou dois tocadores. Esses cantos de improviso tinham lugar nas feiras e romarias. A campaniça era também motivo de lazer. Todas as tabernas e vendas, tinham uma viola. Por vezes, o taberneiro também tocava. E a viola era só um motivo para chamar a clientela. Depois naqueles sítios, aldeias - que tinham mais população -, faziam bailes, dançavam e cantavam ouvindo as modas campaniças. Mas, depois tudo isso se perdeu, mantendo-se só os cantos de improviso que ainda hoje acontecem. Hoje a viola campaniça foi recuperada, pois esteve quase em extinção. E as modas que eram modas de baile, voltaram a ser cantadas por grupos de música tradicional.

CL - O que difere a viola campaniça do Alentejo das outras violas de Portugal?
PM - Em termos de nome era só chamada de “viola” no sul do país. Não havia outras...


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